sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Brasil, o país de um único esporte


Recentemente o Comitê Olímpico Brasileiro estabeleceu uma meta ousada para os Jogos Olímpicos de 2016. A meta do COB é conquistar ao menos 27 medalhas para que o Brasil figure entre os dez primeiros colocados no ranking final de medalhas na Olimpíada do Rio. Nos jogos de Londres, em 2012 o Brasil obteve seu recorde de medalhas (17), duas a mais que nos jogos de Pequim em 2008. 

Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 o Brasil conquistou 15 medalhas (3 de ouro, 4 de prata e 8 de bronze). Em Londres 2012 o Brasil conquistou 17 medalhas (3 de ouro, 5 de parta e 9 de bronze). A meta das 27 medalhas para os jogos do Rio parece ser bem ousada, para isso o investimento feito no quadriênio de preparação para a competição é de aproximadamente R$ 1,33 bilhão. A aposta ousada do COB é nas modalidades em que o Brasil já tem certa tradição Olímpica, como vôlei, vôlei de praia, vela, judô, além do futebol que conta apenas com investimento da Confederação Brasileira de Futebol. Mas a pergunta que fica é se todo esse investimento é feito de forma correta, afinal não é só em quatro anos que se constrói uma medalha olímpica.

O Comitê Olímpico Brasileiro e o Ministério dos Esportes deveria investir pesado na educação, dando oportunidade para as crianças conhecerem os esportes desde cedo, afinal o esporte é um importante componente da educação de um povo. O esporte socializa o cidadão por isso ele precisa ser implantado desde a escola básica. A criança precisa ter o livre arbítrio para escolher o que ela quer, se ela não quiser seguir no esporte o governo tem que dar opções para ela, assim se a criança não sair da escola com uma boa base esportiva ela sairá tendo uma boa formação social e consequentemente mais preparada para a faculdade e posteriormente para o mercado de trabalho.

Um país com mais de 200 milhões de habitantes não pode viver apenas de alguns esportes coletivos ou casos isolados de sucesso nos esportes. O caso mais famoso de sucesso brasileiro nas Olimpíadas é o de Arthur Zanetti, ouro nas argolas nos Jogos de Londres em 2012. Fora algumas raras exceções não se descobre um medalhista olímpico assim, do nada. Uma medalha olímpica é fruto de muito trabalho, desde a base. O COB e o governo insistem nessa incomoda prática de investimentos no quadriênio olímpico, só isso não basta.

Outro ponto importante sobre o esporte brasileiro: Após o fiasco brasileiro na última Copa do Mundo o Governo Brasileiro declarou que pretendia moralizar o futebol, até ai OK. Mas e as outras modalidades esportivas? Elas não precisam ser moralizadas também? Ou por acaso se o Brasil não alcançar o objetivo de medalhas impostas pelo COB para as Olimpíadas do Rio o Governo vai vir e dizer que todos os esportes precisam ser moralizados. O esporte brasileiro realmente precisa ficar passando por todos esses vexames para o Governo ver que está fazendo alguma coisa de errado?

O esporte brasileiro precisa de uma revolução, desde lá de baixo. O esporte brasileiro precisa de uma voz séria de comando, alguém que tenha coragem de mudar tudo que for preciso e não fique só distribuindo dinheiro para as federações. O esporte brasileiro precisa acima de tudo se profissionalizar. Profissionalizar os esportes obriga que os dirigentes esportivos sejam obrigados a mostrar resultados, tanto na base quanto no profissional. Em casos de insucesso esses mesmos dirigentes possam ser demitidos, assim esses mesmos dirigentes não seriam mais donos dos esportes, como acontece na maioria das federações.

Se ninguém fizer nada pra mudar o esporte brasileiro o fracasso que se viu no futebol durante a Copa será pequeno perto do quem vem nas Olimpíadas de 2016.

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